sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Autoconhecer

O autoconhecimento caminha lento feito lagarta.  É um processo longo e doloroso. Conhecer o mundo já é dolorido. Se autoconhecer é quase insuportável. Às vezes, se abandona no orvalho limpo das manhãs. Outras vezes, se constrói muralhas, fecha-se em si mesmo. Cria um muro de certezas só para ter o que demolir na madrugada seguinte. O casulo não é confortável, nem instável, é necessário... como respirar, e como respirar, às vezes, é  dificultoso. Há um orgulho quase doentio no seu casulo. O afastamento das pessoas e dos sentimentos é quase prazeroso. Por um tempo, é só você e você mesmo. Sem agendas, formalidades, compromissos, juízo de valor ou conveniências. É você no modo automático. É você aprisionado para o renascimento. Para as coisas novas que negligenciou até agora ou para as que nem sabia que existia.
E se vai reconhecendo o peso dos séculos sobre suas pálpebras cansadas de ver errado. E metafisicamente se vai assassinando uma a uma todas as ilusões. Aprendendo prosaicamente. E descobre que se pode aprender tudo, inclusive a amar. Então, a felicidade que se configura logo ali, na explosão do vôo, se aprender e se apreende.
A metamorfose é lenta e no processo surgem novas lagartas. E novos casulos dentro do próprio casulo. É a complexidade da transmutação. Da vida tomando novas formas. É tudo uma questão de paciência e de compreensão de que para longos vôos, o casulo é tão necessário quanto a asa. 
 
[ Lia Araújo]
 
 
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comments:

Postar um comentário

Contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Seguidores

Postagens populares

Acredite e viva!!! :D :D

Nada como o firmamento para trazer ao pensamento a certeza de que estou solido em toda área que ocupo, e a imensidão aérea é ter o espaço do firmamento no pensamento e acreditar em um dia voar...


Tecnologia do Blogger.

Arquivo do blog