(...)
Todas as vezes na vida que eu falei em absolutismos eu sabia que estava
mentindo porque, pra mim, tudo sempre é imediato, porque eu não tenho a
mínima paciência de não ser mimada...
Mas sempre, sempre, cinco
minutos depois, tudo passa. Nunca menos e raramente mais do que isso,
cinco minutos, e tudo vai embora porque é assim, as coisas têm que
passar, os dias têm que mudar, os ares têm de ser novos e a vida
continua, com ou sem qualquer um.
Só que esse sempre foi e
ainda é o seu problema. Não ser o um que não faz falta, não ser a noite
perdida num canto de um balcão qualquer, não ser o beijo de hálito
gelado, tesão quente e vontade limitada. O seu problema, é ser um
problema sem solução. É ser vontade pra mais de anos, é ser virtude pra
uma vida inteira, é ser idealizado porque há tanto tempo eu, você e o
mundo que nos cerca, separados, esperamos tanto...
Pra
mim, é difícil aceitar e entender que eu tentei te deixar pra trás,
como todo o resto, mas não consegui. É difícil olhar os fatos, comprovar
as dificuldades, ter preguiça, sentir cansaço, doer, arder, ferver e,
mesmo assim, não conseguir te colocar dentro de um prazo.
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