Visitei o passado e encontrei problemas mal resolvidos, amores
inacabados e pessoas que poderia ter me tornado hoje. Será que sou feliz
com quem me encontrei ou com quem eu sou? Jamais saberei. Talvez o eu
de ontem fosse mais intransigente, louco e intenso. Honestamente,
não sei o que faria com esses atributos. Talvez teria me tornando um
desses babacas que vai para a balada em busca de sexo fácil ou ter
acordado para a vida e construído família, com um emprego de terno e
gravata em algum firma e faria encontros mensais com a galerinha da
escola. Talvez eu fosse amigo de gente que nem sabe o que é amizade, mas
não faria diferença: para mim amizade seria qualquer tanto faz, já que a
intransigência me deixaria cego quanto a quem realmente gosta de mim.
Passeando pelo ontem, descobri porque me tornei quem sou hoje. Um pouco
de calculismo, metodismo e alguns ismos não me fizeram mal. Muito pelo
contrário. Essa espécie de doença que me torna mais certeiro com o que
quero e empático com quem amo deve ter servido para alguma coisa. Acho
que sou feliz como sou, mas não tenho certeza se seria ainda mais feliz
como eu era ou como poderia ser.
Virei as chaves da incerteza para abrir a porta da personalidade e encontrar diferentes pessoas dentro de mim.
Sem visitar o passado, jamais entenderia quem sou hoje. Sem viver o presente, nunca saberei quem eu poderei ser no futuro.
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